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O girassol é uma cultura de vasta utilização. Pode ser usada para ornamento, para a alimentação animal e humana, tem um óleo nobre muito valorizado na culinária e agora está sendo usado para a produção de biodiesel. No entanto, a cultura é subutilizada no Brasil e restrita a algumas regiões. Para incentivar o plantio de girassol pelo país, a Embrapa Soja vai lançar duas cultivares durante o VII Congresso Brasileiro de Mamona que podem ser plantadas nas cinco regiões do território brasileiro. Ambas de ciclo precoce e com produtividade superiores a duas toneladas por hectare, o híbrido BRS 321 e a variedade BRS 324 vão chegar ao mercado no ano que vem. Esta última ainda tem a vantagem de oferecer um elevado teor de óleo, em torno de 48%.
O grande benefício das cultivares, além de suas características particulares, é que elas podem ser plantadas em 10 estados da nação, de Norte a Sul do País. A novidade é o plantio de girassol com boa produtividade no Nordeste. A área de cultivo cobre toda a Região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul), boa parte da Região Sul (Paraná e Rio grande do Sul) e da Região Sudeste (São Paulo e Minas Gerais), além de dois Estados na Região Nordeste (Bahia e Sergipe) e um na Região Norte (Rondônia).
— O girassol tem uma semente muito leve, então o produtor deve ter um cuidado especial na hora de fazer a implantação da lavoura para que a semente seja colocada no solo no máximo até cinco centímetros de profundidade e da forma mais uniforme possível para que a planta tenha uma emergência normal no campo. Você tem que adubar bem a cultura, segundo a análise de solo, depois é preciso fazer o controle de mato, mas não é uma cultura muito fácil, que não exige o uso de muitos defensivos — explica o pesquisador da Embrapa Soja Sérgio Luiz Gonçalves, que vai dar uma palestra sobre os avanços tecnológicos do girassol no VII Congresso Brasileiro da Mamona, que acontece em João Pessoa, na Paraíba, de 7 a 10 de junho.
O pesquisador diz que o girassol é uma cultura que consegue conviver de modo relativamente fácil com suas principais doenças, como a esclerotínea e a alternária. "Para essas doenças não existe resistência genética significativa. Isto quer dizer que temos de conviver com elas, sendo que o controle químico não é compensatório e assim não se recomenda qualquer aplicação. No entanto, essa condição não inviabiliza o cultivo da lavoura", afirma. Ainda segundo Gonçalves, na verdade, existem poucas doenças sérias que chegam a comprometer gravemente a produção da lavoura. No caso das pragas, acontece o mesmo. A principal é a lagarta preta, mas atinge pequenos locais e é controlada com a aplicação de defensivos apenas na área atacada e com a orientação de um engenheiro agrônomo. O pesquisador diz que muitos produtores do Cerrado se enganam achando que o girassol transmite o mofo branco para a soja, mas ele diz que não é verdade. O patógeno da doença apenas ataca os dois cultivos.
Com o incentivo atual do governo federal para o desenvolvimento da indústria de biodiesel e a inclusão de novas culturas como matéria-prima para o óleo, o girassol foi incluído na lista por ter alto de teor de óleo nas sementes. No entanto, essa questão levantou uma polêmica entre os pesquisadores. Como o óleo de girassol é muito rico e traz inúmeros benefícios nutricionais, há muita gente que discorda que um óleo tão nobre seja usado como combustível.
— Ela tem potencial para biodiesel, para alimentação humana e animal, mas ainda não é tão cultivada. Nós temos uma missão que é tentar aumentar a área cultivada no país e mostrar a importância dela para os agricultores. O girassol é uma cultura em que tudo se aproveita. Ela pode ser usada como ornamental, para silagem na alimentação animal, o óleo é utilizado na alimentação humana e para biodiesel. O uso do óleo de girassol para biodiesel gera até uma polêmica, porque muita gente não concorda em utilizar um óleo tão nobre para biodiesel — diz Gonçalves.
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